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Leon Feffer e a gigante SUZANO: de mascate a criador da maior produtora de celulose do planeta

A história de como o imigrante ucraniano Leon Feffer iniciou um negócio de papel que se transformaria na maior produtora de celulose de eucalipto do planeta

Por Bruno Teles em 06/05/2025 às 09:33:01

Divulgação

Poucos imaginam, mas um dos maiores impérios industriais do Brasil nasceu do modesto comércio de papel. A trajetória da Suzano começa com Leon Feffer, um imigrante que chegou a São Paulo nos anos 20 como mascate e, com visão e ousadia, plantou as sementes da empresa que hoje é líder mundial em celulose de eucalipto, presente em dezenas de países.

A história da Suzano tem início com a chegada do imigrante ucraniano Leon Feffer ao Brasil em 1921. Sem falar português, ele começou sua vida em São Paulo como muitos outros imigrantes da época: atuando como mascate, vendendo de tudo um pouco pelas ruas.

Batendo de porta em porta, Leon Feffer percebeu que o papel, usado para embrulhos e impressão, era um item cada vez mais valorizado, porém caro, pois quase todo o suprimento precisava ser importado.

Com essa percepção, ele decidiu investir. Em 1924, fundou a Leon Feffer & Cia, uma firma dedicada ao comércio de papéis. A empresa comprava papel pronto, muitas vezes importado, e revendia no mercado interno para comerciantes e gráficas. O negócio cresceu rapidamente e, em 1929, Leon Feffer expandiu suas atividades, montando uma pequena fábrica de sacos de papel e uma tipografia.

Leon Feffer & Cia


Da revenda à fabricação própria de papel (1941)

A década de 30 trouxe turbulências com a Grande Depressão e, depois, a Segunda Guerra Mundial. As importações ficaram restritas, e o papel tornou-se um artigo de luxo. Diante desse cenário desafiador, Leon Feffer tomou uma decisão ousada: fabricar papel no Brasil, um mercado dominado por estrangeiros.

Para realizar seu sonho, ele apostou todas as suas economias. Vendeu a casa onde morava, o caminhão de trabalho e até as joias da esposa. Com os recursos reunidos, inaugurou em 1941 sua primeira fábrica de papel no bairro do Ipiranga, em São Paulo. Essa unidade foi o embrião da futura Suzano e marcou o início de uma cultura empresarial baseada em trabalho árduo, inovação e visão de longo prazo, estabelecida por Leon Feffer.

A revolução do eucalipto: a visão de Max Feffer e a expansão inicial

Em 1949, Max Feffer, filho de Leon Feffer, entrou na empresa familiar com ideias transformadoras. Max enxergou o potencial inexplorado do eucalipto, uma árvore de crescimento rápido (ciclos de 7 anos) abundante no Brasil, como alternativa às árvores de fibra longa usadas tradicionalmente na indústria de celulose mundial, que levavam décadas para crescer.

Produzir celulose industrialmente a partir de eucalipto era algo inédito no mundo. Max Feffer liderou pesquisas intensas e, em 1956, a Suzano alcançou o feito revolucionário: produzir celulose de fibra 100% de eucalipto em escala industrial. Isso posicionou o Brasil como um player inovador no setor. Em 1961, a operação já estava em larga escala. A primeira exportação ocorreu em 1964 (Argentina), seguida pela Europa em 1975. A empresa adotou o nome "Suzano" em homenagem à cidade paulista onde instalou sua principal unidade fabril em 1955. Nos anos 80, investiu em biotecnologia para aprimorar suas florestas.

A Suzano rumo ao novo milênio

Enquanto a Suzano crescia, concorrentes como AraCruz e Klabin também se fortaleciam. Nos anos 80 e 90, a empresa expandiu sua presença no Brasil, inclusive criando a Bahia Sul Celulose em parceria com a CVRD. Contudo, nos anos 90, enfrentou uma crise global de preços da celulose e a desvalorização do real.

Sob a liderança da terceira geração, representada por David Feffer, a Suzano optou por se reinventar. A partir de 2003, contratou gestores profissionais externos, adotando práticas de governança mais modernas, enquanto a família Feffer permaneceu no conselho estratégico. Aquisições importantes marcaram o período, como a da Ripasa (em consórcio com a Votorantim) em 2006 e o controle da antiga Ripasa (Conpac) e da distribuidora KSR em 2010. A internacionalização avançou com a criação da Suzano América nos EUA em 2005.

A superpotência da celulose: fusão com a Fibria

Em 2012, a Suzano abriu seu capital na Bolsa de Valores de São Paulo. O passo mais audacioso veio em 2018, com o anúncio da fusão com a Fibria, então a maior produtora de celulose de mercado do mundo. Concluída em 2019, a fusão criou a Suzano S.A., líder mundial absoluta em celulose de eucalipto.

A nova gigante passou a operar com capacidade de produção impressionante, investindo fortemente em inovação e sustentabilidade. Desenvolveu produtos como o Eucafluff (higiene) e a Lignina (substituto de derivados de petróleo). A forte agenda ESG atraiu investidores globais. Em 2023, adquiriu o negócio de tissue da Kimberly-Clark no Brasil (incluindo a marca Neve).

Em 2024, ao completar 100 anos, inaugurou a unidade de Ribas do Rio Pardo (MS), a maior linha única de produção de celulose do mundo (projeto de mais de R$ 22 bilhões), e comprou fábricas de papel cartão nos EUA. A empresa mantém iniciativas como o Projeto Biomas (restauração florestal) e o Suzano Ventures (startups). Com operações diretas em mais de 60 países e presença comercial em cerca de 100, a Suzano traçou metas ambiciosas para 2030, focadas em remoção de carbono, produtividade e redução do consumo de água, consolidando sua aposta em biomateriais e na economia de baixo carbono.

(*) Matéria extraída do site: clickpetroleoegas.com.br

Fonte: Click Petroleoegas

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