De janeiro a junho deste ano, 91 acidentes de trânsito foram registrados na BR-262, no trecho entre o quilômetro zero da BR-262 até o km 333, em Campo Grande. Os números constam no Observatório de Dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Os dados de julho ainda não foram incluídos, pois vão constar apenas quando encerrar o mês. Entretanto, julho já é considerado o mês mais violento em relação às ocorrências de acidentes registrados neste ano na BR-262. Somente neste mês, cinco pessoas perderam a vida em decorrência de acidentes nesse trecho da rodovia. A PRF, no entanto, contabiliza apenas mortes no local do acidente, e não inclui vítimas que morreram em hospital.
Acidentes gravíssimos envolvendo carretas e veículos de passeios foram registrados neste mês no trecho de Três Lagoas a Ribas do Rio Pardo. O mais recente foi nesta quinta-feira (20), próximo ao Posto Mutum, quando um caminhão baú bateu na traseira de um caminhão bitrem carregado de óleo diesel. O motorista do caminhão baú ficou preso às ferragens e foi necessária a intervenção da equipe do Corpo de Bombeiros de Três Lagoas para resgatá-lo e encaminhar para o Hospital Auxiliadora.
No dia 11 de julho, mais um acidente com morte na rodovia, também próximo ao Posto Mutum. Uma careta carregada de eucalipto cruzou com outra vazia e a tora de eucalipto que estava fora da carga atingiu a cabine do veículo, acertando o motorista que morreu.
No dia 8 de julho, mas um acidente com morte na BR-262, próximo à Ribas do Rio Pardo. Um jovem morreu ao ultrapassar em local com faixa contínua. No dia 6 de julho, mais um grave acidente, no trecho de Água Clara e Ribas do Rio Pardo, envolvendo três caminhões e dois carros de passeio, resultou na morte de duas pessoas.
No dia 6 de julho, o motorista de um ônibus morreu pós ser atingido por uma peça de uma carreta que trafegava pela BR-262, próximo à Três Lagoas.
Nesta semana, na quarta-feira (19), uma mulher, de 32 anos, grávida de sete meses, sofreu um aborto após se envolver em um acidente entre carro e caminhão na BR-262, em Ribas do Rio Pardo. A gestante foi internada na Santa Casa da Capital, depois de sofrer trauma torácico e abdominal, com sangramento vaginal ainda no local da batida.
Foram cerca de 100 acidentes em quase sete meses nesse trecho da rodovia, desde o seu início, no Km zero, em Três Lagoas, até a Capital. Diante do número de acidentes e da quantidade de carretas que trafegam pela rodovia, reforça-se a necessidade da duplicação da BR-262, reivindicação de anos de quem trafega por esta via.
A preocupação aumenta com a construção da nova fábrica de celulose em Ribas do Rio Pardo, que vai demandar mais caminhões carregados de eucaliptos e celulose transitando pela rodovia. A estimativa é que a fábrica da Suzano produza de 4 a 5 milhões de toneladas por ano, que serão escoadas por caminhões pela rodovia a partir de Ribas do Rio Pardo.
O governador Eduardo Riedel já solicitou ao Governo Federal a duplicação desta rodovia. Caso a União não tenha esse interesse, o governador já pediu a cessão deste trecho, que está em território estadual, para que o Governo do Estado inicie o processo de concessão de rodovias para a iniciativa privada, como ocorreu com trechos da BR-158, BR-436 e MS-112 na região do Bolsão.
O desempenho crescente da produção agropecuária, aliado ao aumento na movimentação de veículos de transporte de carga e a inexistência de outros modais logísticos para o escoamento de grãos, minério, celulose, além de outros produtos, são causas dos gargalos de escoamento da produção, apontados no estudo técnico elaborado pela Empresa de Planejamento e Logística do Ministério da Infraestrutura (Minfra) no trecho da BR-262, que liga Campo Grande a Três Lagoas, os quais reforçam as solicitações do Governo do Estado sobre a necessidade urgente de concessão da rodovia.
PRF se reúne com representes de empresas
Em virtude da quantidade de acidentes e muitos envolvendo carretas que transportam eucalipto, uma reunião foi realizada ontem, entre a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e representantes das empresas que transportam madeiras para as fábricas de celulose. Segundo o inspetor da PRF, José Torres, vários assuntos seriam abordados na reunião por causa de imprudências cometidas por parte de motoristas de carretas. Em dois acidentes registrados no trecho de fiscalização da PRF de Três Lagoas, segundo o inspetor, os motoristas dormiram no volante, ocasionando os acidentes.
A questão de ultrapassagens proibidas e o tráfego de carretas coladas uma na outra, também tem sido alvo de fiscalizações por parte da PRF, que traça novas estratégias para fiscalizar e combater essas infrações de trânsito.
O engenheiro chefe do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) de Três Lagoas, Milton Rocha Martinho, disse que existe um termo de compromisso e responsabilidade assinado pelas empresas de celulose, que prevê que os motoristas dessas carretas evitem uma série de situações ao trafegar pela rodovia.
Em relação a duplicação da BR-262, Marinho diz que o custo tem valor elevado e, o mais viável, na opinião dele, neste momento, seria a construção de multivias, assim como aconteceu no trecho de Três Lagoas até a fábrica de celulose da Suzano, o que também está sendo projetado para a BR-158, no trecho até a unidade da Eldorado Brasil. (Ana Cristina Santos)
Fonte: RCN/JPNEWS