"Há uma tendência de crescimento do setor, especialmente, para os próximos cinco anos, como uma forma, inclusive, de trabalhar cada vez mais com sustentabilidade. Para isso, estamos investindo em analistas e consultores especializados em um dos ramos que mais crescem dentro do florestal, que é a silvicultura."
Ricardo Malinovski, consultor de florestas e organizador da Expoforest, conta que há 20 anos os interessados em comprar e conhecer novas tecnologias do cultivo e colheita florestal visitavam especialmente as feiras da Suécia, mas o crescimento do setor no Brasil atraiu o olhar dos experts estrangeiros. Neste ano, a Expoforest recebeu visitantes de 43 países, boa parte deles dos países nórdicos, que têm tradição no cultivo de florestas.
Eduardo Nicz, CEO da japonesa Komatsu no Brasil, destacou o surgimento constante no país de novas tecnologias embarcadas para o setor florestal. "São tantos lançamentos que a Expoforest deveria ser bienal e não a cada quatro anos." A empresa mostrou na feira a primeira plantadeira comercial de árvores do mundo.
O diretor da Ibá diz que, além dos 9,3 milhões de hectares de florestas cultivadas, as companhias conservam outros 6,05 milhões de hectares. Ele explica que o sucesso brasileiro se deve à busca global por soluções mais sustentáveis e ao desejo dos consumidores por produtos de origem renovável, reciclável e biodegradável.
"O setor produz mais de 5 mil bioprodutos, entre livros, móveis, painéis de madeira, copos e canudos de papel, roupas. Isso dá à indústria a característica de fornecedora de produtos capazes de substituir materiais de origem fóssil e uso único."
Fonseca Jr. garante que o crescimento da área plantada ocorre principalmente em áreas antes degradadas, reforçando o compromisso do setor com a conservação ambiental. Um exemplo de expansão sustentável de áreas de árvores plantadas, diz, é o estado do Mato Grosso do Sul, que lançou em 2019 a primeira versão do Plano Estadual de Desenvolvimento Sustentável de Florestas Plantadas.
O incentivo a novos investimentos em florestas plantadas em áreas degradadas por pasto no MS resultou em um salto de 600 mil hectares em 2012 para 1,073 milhão de hectares em 2021.
"É importante ressaltar que nosso crescimento de capacidade foi muito maior. A produtividade do eucalipto, por exemplo, saltou de 10 m³ por hectare por ano na década de 1970 para 38,9 m³/ha/ano em 2021. Isto é uma das bases do conceito da bioeconomia, que estimula a produzir mais, utilizando menos recursos naturais", disse Fonseca Jr.
O embaixador ressalta que um dos fatores que levou a este avanço é a tecnologia aplicada às árvores cultivadas, por meio do trabalho de melhoramento tradicional. Pelo cruzamento de diferentes espécies, as companhias conseguem desenvolver clones mais resistentes a fenômenos climáticos, como aumento da temperatura ou secas, além de desenvolverem árvores que darão origem a fibras mais adequadas para o produto que será fabricado a partir da matéria-prima. O desenvolvimento de um novo clone de eucalipto ou pinus demanda de 10 a 15 anos.
Entre áreas plantadas e conservadas, o setor estoca hoje cerca de 4,5 bilhões de CO2 equivalente, segundo a Ibá. A expansão das florestas possibilita um aumento constante do sequestro de carbono através das árvores cultivadas que, enquanto crescem, removem o gás da atmosfera através do processo de fotossíntese.
"Como uma indústria com os dois pés na bioeconomia, que sequestra CO2 da atmosfera e oferece amplas alternativas aos produtos de origem fóssil, o setor tem grande potencial como futuro gerador de créditos de carbono", destaca Fonseca Jr.
O diretor do Ibá diz que estudos estimam que o mercado florestal tem potencial de gerar receitas de R$ 128 bilhões ao Brasil, mas o setor aguarda o avanço da regulamentação do mercado de carbono pelo Congresso, diferenciando os tipos voluntário e regulado.
Plantar florestas não é atividade rentável apenas para as grandes indústrias de papel e celulose. Segundo o embaixador, vem crescendo a adesão dos pequenos produtores ao plantio florestal.
Segundo o Relatório Anual da Ibá de 2022, R$ 112,2 milhões do total de R$ 331 milhões investidos pelo setor no ano passado em pautas socioambientais foram destinados para o programa de fomento florestal, que impactou positivamente quase 2 milhões de pequenos produtores, diversificando o uso da terra e gerando uma renda extra.
De acordo com o executivo da Lavoro, o segmento florestal teve um boom a partir de 2020 e se mostrou rentável, como uma opção de diversificação para o produtor. "Muitas empresas estão em busca de área e fomentam agricultores de culturas como soja, feijão e milho, com programas de benefícios para quem trabalha com a silvicultura. O desafio, no futuro, vai ser a produção de mudas para dar continuidade e força para essa plantação", destacou Zacante.
Malinovski concorda e diz que houve um grande avanço no preço pago ao produtor desses programas de fomento, que há poucos anos recebia R$ 60 pelo metro cúbico de floresta em pé e hoje recebe de R$ 120 a R$ 180. Segundo ele, já há empresas fixando o preço mínimo de compra futura do eucalipto. Ou seja, o produtor planta hoje e já sabe quanto vai receber pelo metro cúbico daqui a 7 anos.
O consultor lembra que o eucalipto está atualmente com alta demanda e usos bem variados no Brasil. Na região sul, por exemplo, usa-se folha de eucalipto para secar o fumo. Na produção de lúpulo, o eucalipto é plantado como cortina de proteção da cultura.
Na Expoforest, a Embrapa e a Rede ILPF instalaram uma área dinâmica com gado e árvores para demonstrar a integração da pecuária com o eucalipto, com o manejo florestal sustentável, visando atender setores como celulose, papel e energia. Por realidade virtual, os visitantes do estande, voltado especialmente aos pequenos agropecuaristas, "visitaram" uma fazenda com sistemas integrados de Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).