Os três criminosos presos entre quarta-feira (12) e quinta-feira (13), suspeitos de envolvimento no latrocínio do taxista Devanir da Silva Santos, de 52 anos, negaram a intenção de matar a vítima.
Em relato às autoridades policiais, o trio disse que o roubo "desandou" após uma discussão entre Devanir e os suspeitos. A informação foi revelada nesta sexta-feira (14), em coletiva de imprensa realizada na sede do Garras (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros).
O taxista foi morto com três tiros, sendo um na nuca – o que indica possível tentativa de fuga ou que a vítima foi rendida e atingida por trás -, um na perna esquerda e um na mão. As investigações apontam, também, que a vítima foi morta em Ribas do Rio Pardo, na área de mata na zona rural do município onde o corpo foi encontrado.
Segundo o delegado titular do Garras, Guilherme Scucuglia, os criminosos afirmaram ter conhecimento de que o taxista tinha "valores disponíveis" na conta bancária e praticaram o crime com a intenção de roubar tanto dinheiro quanto objetos de valor do taxista Devanir.
Dois dos criminosos são oriundos do estado da Bahia e o terceiro, de São Paulo. Eles contaram aos policiais que se conheciam antes de irem morar em Ribas do Rio Pardo, e que foram para o município a 97 quilômetros de Campo Grande a trabalho. Os três estavam há cerca de seis meses no interior de Mato Grosso do Sul.
O executor do assassinato do taxista Devanir, o criminoso de 24 anos, possui passagens anteriores por latrocínio no estado do Paraná. Os delegados do Garras não detalharam o crime ocorrido, nem o ano em que se deu o fato, mas disseram que já apuram com outros sistemas de outros estados se os outros dois envolvidos também possuem passagens policiais.
Familiares de Devanir da Silva Santos comunicaram o desaparecimento dele na quarta-feira (12) na DP (Delegacia de Polícia) de Ribas de Rio Pardo. O taxista foi visto pela última vez por volta das 19h da terça-feira (11), conforme revelou a família.
O delegado titular da DP de Ribas do Rio Pardo, Felipe Pereira de Oliveira Braga, começou, então, as buscas pela vítima. Foi somente com a informação de que o carro foi visto na Capital sul-mato-grossense que os delegados do Garras foram acionados.
O delegado titular do Garras, Guilherme Scucuglia Cézar explica que as buscas em Campo Grande começaram quando as investigações revelaram que o Toyota Corolla do taxista passou pela Rua Joaquim Murtinho. Isso gerou uma certa suspeita de como se deu o crime, porque, segundo o delegado titular, era comum que o taxista avisasse a família e colegas de trabalho sobre viagens foram da cidade.
Foi, então, que chegaram ao carro abandonado na Vila Santa Dorotheia e ao relato de um morador, que contou ter visto três suspeitos agasalhados fugindo a pé na direção de um supermercado nas proximidades.
O primeiro suspeito, de 35 anos, foi preso em um hotel na Avenida Afonso Pena. A equipe do Garras diligenciou por vários estabelecimentos de hotelaria na região até chegarem ao suspeito. Ele estava com um revólver .38 milímetros e uma munição escondidos embaixo de um colchão no quarto de hotel.
À polícia, ele disse que o taxista foi provavelmente assassinado para poderem roubar dinheiro de sua conta bancária. Contudo, o homem negou ter participado do crime e disse que acredita que os dois comparsas que assassinaram Devanir e o deixaram próximo a um posto de combustíveis.
As investigações seguiram e chegaram a outro taxista, que teria levado os outros dois suspeitos de volta para Ribas do Rio Pardo. O taxista confirmou a viagem e disse que a dupla afirmou que teria vindo para Campo Grande "ver umas meninas". Ele não tem envolvimento no crime.
Em Ribas do Rio Pardo, o segundo criminoso, de 28 anos, foi localizado na casa dele, na região do Bairro Estoril, conforme informou o delegado Pedro Cunhas. O suspeito tentou fugir ao avistar as viaturas policiais, mas foi capturado. A esposa dele também estava na residência, mas não possui envolvimento no latrocínio.
Por fim, os policiais foram informados que o terceiro suspeito teria retornado para Campo Grande. O delegado Roberto Guimarães explicou que as diligências se concentraram, primeiro, na Rodoviária da Capital e depois em pousadas próximas. Ele, que tem 24 anos, foi encontrado em uma no Bairro Universitário.
Com os suspeitos foram apreendidos um revólver calibre .38, duas munições, uma faca que foi deixada no Toyota Corolla de Devanir, enforca gatos que foram usados para amarrar a vítima, e dois celulares. Os itens foram encaminhados para perícia.
Os três foram levados à sede do Garras, onde aguardam resultado da audiência de custódia para saber se responderão pelo crime em liberdade ou se serão transferidos para presídios.
Ainda, segundo o delegado Guilherme Scucuglia, "alguns se arrependeram, outros preferiram se manter em silêncio".
As investigações seguem para saber se algum valor foi movimentado da conta do taxista. "Já pedimos a quebra do sigilo bancário para saber se houve a subtração do valor", explica o delegado de Ribas do Rio Pardo.
O delegado Felipe Braga explicou que Devanir era "muito bem quisto na cidade, não tinha desavenças". O crime causou comoção e repercussão muito grande entre os moradores de Ribas do Rio Pardo, que demonstraram revolta com o crime.
Nas redes sociais, amigos deixam mensagens de consolo aos familiares e se despedem do taxista. O taxista era um grande amigo da população de Ribas do Rio Pardo e conhecido como "Devanir do Táxi" pelo trabalho que exercia. Suas qualidades estão sendo lembradas nas publicações nas redes sociais.
"Que pena que você se foi meu amigo, Devanir Silva, nossos dias sem você será muito triste. Você foi um grande amigo parceiro que Deus te ponha em um bom lugar", escreveu um morador.
Um profissional da comunicação da cidade também lamentou a partida do taxista e publicou uma nota de repúdio sobre a violência que, conforme ele, é inaceitável. O profissional também convida a uma reflexão sobre as condições de segurança dos taxistas.
"É com profunda indignação que venho expressar meu repúdio pelo brutal assassinato do taxista Devanir, como disse: um querido amigo, irmão. Este ato de violência inaceitável, perpetrado por três indivíduos cruéis, não pode passar despercebido ou impune", escreveu.
Fonte: Midiamax