Indústria de celulose em Ribas deve impactar setor imobiliário da Capital

Segundo entidades, a região da saída para Três Lagoas pode se transformar em polo empresarial em alguns anos

Por SÚZAN BENITES em 09/11/2022 às 12:09:34

Divulgação

Com investimento de R$ 14,7 bilhões, a indústria de celulose da Suzano será instalada em Ribas do Rio Pardo, distante 97 quilômetros de Campo Grande.

Além da mudança na economia local, a planta deve trazer crescimento para o setor imobiliário da Capital.

De acordo com o presidente do Sindicato da Habitação de Mato Grosso do Sul (Secovi-MS), Marcos Augusto Netto, todo o Estado será impactado com a chegada do empreendimento, sobretudo a Capital.

"Acredito que teremos um reflexo em Campo Grande, porque grandes executivos e até mesmo empresas devem se instalar aqui. Ribas está a menos de 100 km da Capital e isso facilita o acesso à cidade", analisa.

Ainda de acordo com Augusto Netto, a região nordeste da cidade tem demonstrado valorização imobiliária.

"Pode ser que tenhamos um novo polo empresarial naquela região. Hoje já temos diversas empresas se dirigindo para a região da saída para Três Lagoas", endossa.

Conforme projeção do governo do Estado, a indústria de celulose pode ampliar em 5,6% o Produto Interno Bruto (PIB) de Mato Grosso do Sul.

O presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 14ª Região (Creci-MS), Eli Rodrigues, reitera que, por ser um empreendimento de grande porte, a expansão deve atingir as cidades do entorno.

"O suporte do município não vai conseguir absorver todo esse investimento, então, automaticamente as regiões próximas também serão beneficiadas com essa expansão. Em Campo Grande, a saída para Três Lagoas já tem empreendimentos de grande porte e acredito que outras empresas devem seguir essa mesma linha. Teremos um potencial de valorização naquela região".

Para o presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul (Sindimóveis-MS), João Araújo, além do crescimento na própria cidade, as opções de lazer e educação devem trazer empresários para a cidade morena.

"Geralmente, os filhos vêm estudar na Capital por causa das universidades e também pela variedade de opções. Como são municípios próximos, esperamos muitos investimentos aqui", detalha.

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CRESCIMENTO

Dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) apontam que o PIB da construção civil cresceu 2,1% no 1º trimestre de 2021 em relação ao 4º trimestre de 2020, superando a alta do PIB nacional, que foi 1,2% no período.

Os representantes do setor acreditam que Mato Grosso do Sul deve seguir a tendência nacional e continuar crescendo, mesmo diante da pandemia da Covid-19.

"O deficit habitacional continua alto, e os financiamentos continuam com taxas boas. Temos facilidade de financiamentos e taxas de juros competitivas. Hoje, quando você compra um imóvel financiado, você tem um poder de compra de área construída maior do que anteriormente com o mesmo valor da prestação", ressalta Rodrigues.

A taxa básica de juros da economia, a Selic, sofreu dois reajustes em 2021. O juro que tinha chegado ao menor patamar no ano passado (2%) passou a 2,75% em março e para 3,5% ao ano em maio.

Mesmo com o aumento do juro básico, que influencia todas as outras taxas, segundo os representantes do setor, os financiamentos imobiliários seguem atrativos.

A Caixa Econômica Federal disponibiliza quatro modalidades de financiamento imobiliário: Taxa Referencial (TR), Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), Taxa Fixa e a Poupança. As taxas variam de 2,95% a 9,75%, dependendo a modalidade.

"Nosso estado está vivendo um momento único com a taxa Selic baixa. Com isso, as taxas de financiamento estão atrativas e muitas pessoas estão saindo do aluguel e migrando para compra de imóvel", analisa o presidente do Sindimóveis, João Araújo.

O presidente do Secovi-MS aponta que não há dados regionais específicos sobre o setor, mas que os lançamentos e as vendas do período são um termômetro do crescimento.

"Apesar de toda essa crise, o setor imobiliário está tendo um bom desempenho, tivemos grandes incorporadoras de fora investindo em Mato Grosso do Sul. Todo esse cenário se desenha como positivo, o setor está conseguindo se superar. Acredito que com o avanço da vacinação teremos um cenário ainda mais promissor", explica Marcos Augusto Netto.

A Caixa atingiu, entre os meses de janeiro e maio de 2021, R$ 52,4 bilhões em concessão de crédito imobiliário, um crescimento de 41,4% em relação ao mesmo período de 2020.

Nos cinco primeiros meses do ano, o banco celebrou 240,6 mil novos contratos e mais de 962 mil de pessoas com casa nova.

CUSTOS

O empecilho apontado pelo setor é o custo dos insumos da construção. Desde julho do ano passado, os preços dos materiais de construção vêm apresentando altas expressivas.

O metro quadrado da construção civil em Mato Grosso do Sul custa R$ 1.289,40, segundo o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi).

Nos últimos 12 meses, o custo ficou 14,44% maior no Estado, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Conforme já noticiado pelo Correio do Estado, a estimativa da Associação dos Construtores de Mato Grosso do Sul (Acomasul) aponta que os insumos sofreram reajustes que vão de 40% no cimento até 150% nos fios de cobre.

Houve mais de 100% de reajuste nos tijolos para a venda nos depósitos e nas indústrias de cerâmicas em mais de 50%.

A parte de hidráulica, como tubos e conexões, aumentaram mais de 70% e as telhas tiveram reajuste de 120% no Estado.

A preocupação com a falta ou o aumento dos insumos foi refletida na sondagem da indústria da construção civil, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

No 1º trimestre de 2021, a alta dos insumos foi apontada por 57,1% dos empresários entrevistados como o maior problema que o setor enfrenta.

"A construção cresceu e surpreendeu, mas o setor ainda está 2,89% abaixo do 4º trimestre de 2019. Portanto, ainda há fortes incertezas para que esse crescimento seja consolidado.

A maior delas, neste momento, é o incremento no custo dos insumos, que não dá trégua", destaca a economista do banco de dados da Cbic, Ieda Vasconcelos.

Fonte: Correio do Estado

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