Um recém-nascido em tratamento na UTI-neonatal da Maternidade Cândido Mariano, em Campo Grande, foi retirado do hospital pela mãe, sem permissão dos médicos, na noite do último domingo (23).
A jovem, de 23 anos, conseguiu entrar no hospital, teve acesso à UTI, onde o filho era medicado e alimentado por meio de sonda e o retirou de lá. A mãe colocou o bebê em uma sacola e saiu da unidade de saúde tranquilamente, sem ser abordada pelos seguranças e sem levantar suspeitas dos funcionários.
À TV Morena, a direção da Maternidade informou que os vigias não podem revistar as pessoas que estão com bolsas e que a mulher teria se aproveitado de uma situação de pouco movimento. O hospital informou ainda que o caso foi pontual e que irá investir em treinamento para os funcionários.
A mãe pediu um carro de aplicativo, mas o motorista desconfiou, fez perguntas e então ela desistiu da corrida e seguiu a pé.
Na noite do dia seguinte, o mesmo recém-nascido deu entrada na Santa Casa, que não deu detalhes sobre o paciente e informou que o caso é acompanhado pela Promotoria da Infância e Juventude.
Ao g1MS, a avó do bebê contou que a filha ficou com medo de ter o filho levado para adoção e por isso o tirou do hospital. "Ela tirou sim a criança, não está certo [...] Apavoraram muito ela. Se tivessem me chamado, eu teria ido conversar com ela", diz.
Parto
Segundo a Maternidade Cândido Mariano, a mãe da criança é de Ribas do Rio Pardo, tem histórico de consumo de drogas e o parto foi prematuro. Ela teve alta no domingo pela manhã, mas o filho ficou em tratamento. À noite, o retirou do hospital.
Em nota, a maternidade informou que ao tomar conhecimento dos antecedentes sociojurídicos da paciente foi iniciada, através do Serviço Psicossocial da instituição, os atendimentos e cuidados necessários com caso. E, por conta de estar com medo de perder o quinto filho, a paciente tomou a atitude de fugir do local. Confira a nota na íntegra:
"Esta maternidade vem através deste comunicar fato ocorrido com paciente na Unidade Neonatal, no dia 23/01/2022, às 21h. Paciente em questão se trata de mulher Gesta V, com antecedentes sociojurídicos sendo usuárias de entorpecentes, segundo denúncias relatadas após sua entrada nesta maternidade. Genitora sendo usuária foi iniciada através do Serviço Psicossocial da instituição, os atendimentos e cuidados necessários com caso. Fato que causou preocupação e medo por parte da paciente, no qual tendo ciência das condutas jurídicas cabíveis. Paciente diante de temor de perder seu quinto filho, como ocorreu com seus filhos mais velhos, que estão sob os cuidados da avó materna, teve tal atitude de evadir desta Maternidade. A maternidade tem protocolos de cuidados e segurança com o paciente. Foi iniciada uma sindicância interna para caso, para as devidas averiguações, mudanças e melhorias, assim que for identificado. Ressaltamos que a maternidade não tem faz revista de pertences dos pacientes, fato este é impeditivo a esta qualquer órgão de saúde, e ainda declaramos que imediatamente com verificação da evasão, foram acionadas a Polícia Militar, feito boletim de ocorrência, e comunicados aos órgãos de atendimento e proteção à criança, Conselho Tutelar e Ministério Público".
Segurança
Assim que funcionários perceberam a ausência do bebê, a polícia foi acionada e o Conselho Tutelar de Ribas do Rio Pardo avisado.
Foi verificado então que a mãe havia levado o filho para o hospital da cidade natal, de onde foi transferida para Santa Casa de Campo Grande.
Família
A avó do recém-nascido fala ainda que o pai e a mãe do neto são usuários de cocaína, mas que a filha havia dito a ela que estava sem fazer uso da droga para não prejudicar a criança. "Eu falei para ela não usar porque iria fazer mal para o menino. Que eu sei, ela não estava mais usando".
A jovem já tem outros dois filhos, de 6 e 8 anos, que são de responsabilidade da avó. "Tenho a guarda definitiva deles".
Fonte: g1MS